terça-feira, 10 de abril de 2012

O cidadão quer saber: como ficaram as estradas privatizadas no governo Lula?



Fotos: Rodovia Fernão Dias (CNT) 


Quem souber que avise e me conte. De preferência aqueles que costumam rodar pelas estradas federais e que podem, inclusive, postar fotos comprovando a real situação dessas rodovias.
Vale mais aqui constatar que o modelo de concessão de rodovias à iniciativa privada vem dando melhores resultados do que aquelas que estão sob a administração pública.
É o que constata a pesquisa de Rodovias 2011 da Confederação Nacional dos Transportes  (CNT). É a 15a. Edição da Pesquisa anual sobre a situação de nossas estradas.
A gestão concedida vence a disputa de braçada. A pesquisa engloba 92.747 quilômetros de estradas. Nessa comparação, 86,9% dos trechos considerados bons e ótimos são administrados pelas concessões contra 33,8% da administração pública.
Pode ser que eu possa morder a lingua ou deslocar o pulso, mas, ao que me consta, nos 2,6 mil quilômetros de estradas privatizadas em 2007 pelo governo do presidente Lula as mudanças são pouco substanciais. O problema parece estar no modelo adotado.
Na época, o modelo de privatização escolhido pelo governo Lula foi celebrado pelos meios oficiais como revolucionário. Hoje, o governo federal está mais comedido e pouco propaga os resultados alcançados.
As empresas vencedoras das licitações, a maioria delas conquistadas pelo grupo espanhol OHL, se comprometeram a cobrar em média R$ 0,02 por quilômetro rodado para administrar as estradas.
Na época a comparação que se fazia com o programa de concessões de rodovias à iniciativa privada em São Paulo do governo Mario Covas era que o preço alcançado representava seis vezes menos que o cobrado pela praça de pedágio das rodovias Anhanguera e Imigrantes.
O PT na oposição em São Paulo foi o maior crítico das concessões das estradas paulistas. Depois a crítica passou a ser feita em cima dos preços elevados dos pedágios do Estado e, por fim, já na situação, enquanto governo federal, o partido já não considerava a privatização das estradas como heresia e passou a comemorar a supremacia de seu modelo.
Nem sempre licitações que levam critério do preço mais baixo, sem as devidas salvaguardas no sentido de preservar a qualidade do serviço prestado, fiscalização e cobrança, são as que trazem melhores resultados aos usários.
Repito: não vai aqui uma crítica às privatizações e nem um apoio incondicional a este ou aquele modelo adotado. Sou da opinião de que o Estado deve investir o seu potencial em questões estratégicas como a orientação do modelo educacional, de saúde e de infraestrutura nacional. O estado deve orientar o desenvolvimento, para que o país tenha um projeto para o futuro e não apenas pontual.
Mas em relação à questão que tratamos no momento, pode-se por em dúvida o preço cobrado nas praças de pedágio, mas o fato é que o Estado de São Paulo conta hoje com as dez melhores rodovias do País.
Deve se levar em conta a vantagem do Estado em relação aos demais por ter adotado o modelo das concessões ainda em 1995, no governo Mario Covas.
São Paulo, por sinal, já se tem a primeira rodovia a cobrar por quilômetro rodado, uma forma considerada mais justa de cobrança. Trata-se de trecho de 70 quilômetros da Rodovia Santos Dumont, que utiliza o sistema denominado de Ponto a Ponto, em caráter experimental.
O fato é que o governo federal está atrasado e as estradas federais sob concessão ainda não mostraram os resultados esperados. 
A condição de nossas estradas ainda é muito ruim e bem inferior aos de outros países que compõem o Bric, China, Índia e Russia, que investiram 10%, 8% e 7% do PIB em estradas, enquanto o nosso investimento é de apenas 36% do PIB.

Estradas privatizadas pelo governo Lula (concessão válida por 20 anos)

   BR-381 Belo Horizonte (MG) – São Paulo (SP) – grupo OHL
   BR-393 Divisa (MG-RJ) – Via Dutra (RJ) – Acciona
   BR-101 Ponte Rio–Niterói (RJ) – (ES) – grupo OHL
   BR-153 Divisa (MG-SP) – Divisa (SP-PR) – BR VIAS
   BR-116 São Paulo (SP) – Curitiba (PR) – grupo OHL
   BR-116 Curitiba (PR) – Divisa (SC-RS) – grupo OHL
   BR-116/376/PR-101/SC Curitiba (PR) – Florianópolis (SC) – grupo OHL


Segundo o Ranking de Rodovias da CNT 2011, as 17 melhores rodovias do País, entre as 109 pesquisadas, estão no Estado de São Paulo. 
A rodovia Fernão Dias, a BR-381, por exemplo, que está entre as rodovias priatizadas pelo governo federal, e em 22o. lugar no rankin da CNT, registra um dos mais altos indices de acidentes do Brasil, em decorrência, principalmente, do elevado trânsito, problemas de sinalização e a existência de pista simples, de mão dupla, em praticamente toda a sua extensão.
A Polícia Rodoviária Federal acrescenta outra causa para explicar o alto número de acidentes com vítimas das rodovias mineiras, entre elas a BR-381: falta de investimentos.

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