segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Um pouco sobre Werneck Vianna e seu livro

Que é Luiz Jorge Werneck Vianna



Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1967) e em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1962) e doutorado em Sociologia pela Universidade de São Paulo (1976). Foi presidente da Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS). Atualmente, é professor/pesquisador do Departamento de Sociologia e Política da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), coordenador do Centro de Estudos Direito e Sociedade (CEDES) e membro do Conselho Consultivo do Departamento de Pesquisas Judiciárias, do Conselho Nacional de Justiça. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Fundamentos da Sociologia, atuando principalmente nos seguintes temas: democracia, judicialização da política e das relações sociais, sindicalismo, corporativismo, intelectuais e pensamento social brasileiro.

A Era Lula, segundo Werneck Vianna


Rubem Barboza Filho


Luiz Werneck Vianna. A modernização sem o moderno. Análises de conjuntura na era Lula. Brasília/ Rio de Janeiro:

Fundação Astrojildo Pereira/ Editora Contraponto, 2011. 191p.

Este livro — uma coletânea de artigos de conjuntura — trata do sentido verdadeiro do segundo mandato de Lula e da política brasileira nos últimos anos. Um leitor cético e inteligente logo dirá que não existe na política — o reino por excelência das coisas humanas — um “sentido verdadeiro” para os fatos, eles mesmos submetidos à incontrolável e flutuante força das versões e das opiniões, sem as quais a própria democracia não existe. E que é impossível, inútil e suspeito, a busca de um ponto de vista externo e superior, capaz de iluminar, com o despótico poder da verdade, a ordem subjacente ao caos aparente dos eventos e acontecimentos da política. A pretensão da verdade anula aquilo que a política tem de mais humano e produtivo: a nossa capacidade de imaginar, fantasiar e inventar, pela ação, a nossa própria liberdade e o nosso destino, ainda que levando em conta constrangimentos de natureza vária. A ilusão da verdade, diria ainda este inteligente leitor, é politicamente conservadora, ao dissociar a nossa vontade e o mundo, oferecendo-nos uma versão fatalista da vida. A verdade da política, e sobretudo de uma democracia política, reside na nossa capacidade de viver e explorar o seu único fato irremediável: o de que não existe a verdade, mas possibilidades, e a disputa constante pela opinião de todos.
É por concordar integralmente com o leitor que reafirmo este livro de Luiz Werneck Vianna como a revelação — a denúncia — do sentido verdadeiro da conjuntura brasileira dos nossos últimos cinco anos. Há nele uma história — condição para que os eventos particulares ganhem significado e explicação —, tecida pela contraposição entre a imaginação das nossas possibilidades democráticas e o nosso cotidiano. Uma história que não recusa e desqualifica os avanços econômicos e sociais constitutivos do ciclo definitivo de implantação de um capitalismo moderno entre nós, iniciado com o Plano Real. Mas uma história que não hesita em flagrar, na glorificação do êxito deste ciclo econômico, a raiz de uma operação que faz coincidir a nossa imaginação com a mera apoteose das formas existentes de um capitalismo emergente. Emagrecimento de nossa imaginação que autorizou a continuidade dos governos Fernando Henrique e Lula, do PSDB e do PT, e que presidiu a sensaboria da disputa de dois possíveis gerentes do capitalismo — Dilma e Serra —, ambos aprisionados por esta redução do possível ao real, como se este desfrutasse de uma despótica e intocável objetividade.
O dinamismo econômico poderia, na dimensão da política, sustentar materialmente a existência de uma sociedade plural e ativa, capaz de enriquecer o horizonte de nossas possibilidades e escolhas. Não foi o que aconteceu, nos alerta Werneck Vianna. Na defensiva ao final do primeiro mandato, e por ensaio e erro, Lula reativou a velha tradição da estadofilia brasileira, jogando às traças a disposição antitradicionalista que fez nascer o PT. Dispensando qualquer justificativa pública para esta “viagem redonda”, Lula e o PT levaram para dentro do Estado tudo o que estava vivo e se movia na sociedade, estatalizando todos os interesses e submetendo-os à administração carismática do presidente. Só há vida e só pode haver vida e significado dentro do Estado, proclama este enredo que esvazia a sociedade, destrói sua autonomia e condena o parlamento a um apêndice irrelevante da política. E que cria “uma verdade” por ser a única a ter o privilégio da existência, arranjo oposto à aspiração de uma nova hegemonia — para usar o conceito de um pensador caro ao nosso autor — pretendida pelo PT. Razão pela qual, salienta Werneck Vianna, o Judiciário e o Ministério Público se vêem obrigados a um protagonismo contraditório, protegendo a sociedade deste arranjo estatalizante e sancionando a expulsão da política de nossa vida democrática.
O leitor cético e inteligente já terá percebido que o autor desta coletânea não mobilizou nenhum ponto de vista externo e superior, com a ambição da verdade, para dar corpo à sua análise. Bem ao contrário, o que ele denuncia é a dulcificação do real como a soma de todas as nossas possibilidades, a construção de uma verdade que conspira contra a democracia. E se o leitor acompanhá-lo até o final, será presenteado com argumentos para uma previsão: a de que, se a riqueza da política foi expulsa por Lula pela porta da frente, com Dilma ela voltará pela porta de trás. Junto com o leitor democrata, só é possível dizer: tomara.

Rubem Barboza Filho é professor titular de Ciências Sociais da UFJF.













Lançamento de livro de Werneck Vianna acontecerá em outro local

O lançamento do livro "A modernização sem o moderno - análises de conjuntura na era Lula", do cientista social Luiz Werneck Vianna, será na Livraria da Vila, Rua Fradique Coutinho, 963, Vila Madalena, São Paulo, no dia 9 de fevereiro, às 19h30, e não mais na Livraria Cultura, conforme havia sido anunciado nesse blog e no meu perfil do Facebook.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Diferenças salariais e desigualdade social persistem segundo dados do IBGE


Dados recentes divulgados pelo IBGE comprovam a importância do tema do emprego e trabalho decente para a atualidade brasileira. As taxas de desemprego caíram pela metade no primeiro ano de governo Dilma Roussef comparados ao primeiro ano de Lula na Presidência, em 2003, mas jovens, mulheres e população nordestina apresentam índices de desemprego acima da média. Mulheres continuam recebendo menos do que os homens para o exercício das mesmas funções, negros menos do que brancos e jovens mais dificuldades na hora de encontrar emprego.
Vejamos os dados:
1) a taxa de desemprego entre as mulheres ficou em 7,5% contra a média nacional de 4,7% em dezembro.
2) a dos jovens entre 15 e 17 anos foi de 23% e de 18 a 24 anos, 13,4%.
3) as maiores taxas de desemprego entre as seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE se encontram em Salvador e Recife, 9,6% e 6,5%, respectivamente.
4) As mulheres chegam a ter renda quase um terço menor do que os homens.
5) A renda dos brancos foi o dobro da de pessoas de cores preta e parda.
Segundo especialistas, a situação, apesar de continuar desigual, melhorou em relação ao passado e as diferenças entre ocupação e taxa de desemprego persistentes guardam relação com o nível de ensino da população, os trabalhadores com menor grau de instrução estão entre os que acumulam maiores taxas de desemprego e renda.
A elevação do salário mínimo brasileiro, apesar de ser um dos menores do mundo, acima dos índices de inflação é o principal fator para diminuir a desigualdade de renda.
Para saber mais acesse aqui.
Foto: Silvano Tarantelli, da série da esquinas onde andei.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

De um pouco, o todo: FAP-SP lança livro de Luiz Werneck Vianna

De um pouco, o todo: FAP-SP lança livro de Luiz Werneck Vianna

Falta muito para esse país se tornar uma nação


Fico sabendo pelos jornais sobre um movimento contra os maus tratos aos animais. Tudo bem que as pessoas se preocupem com essa questão. É um absurdo maltratar cachorros, gatos e demais animais de estimação. Mas existe gente que vive bem pior do que os animais.
Estou falando da população carcerária, mas poderia me referir aos sem-teto ou aos milhões de brasileiros que moram em favelas ou moradias precárias nas áreas de risco que sempre sucumbem nas intempéries, verdadeira síndrome da tragédia anunciada.
Quem se indigna com esse estado de coisas se elas vão se tornando comuns, se há impunidade, se os assuntos são tratados com uma aparente normalidade, como se fossem parte do inevitável?
Acaba se tornando caldo de cultura para reações inesperadas e explosivas, individuais ou coletivas, psiquicamente desordenadas. Lembro-me do excelente “Ovo da Serpente” direção e roteiro de Ingmar Bergman,que me causou profundo impacto quando foi lançado (1977),e que passou recentemente na TV à cabo. Ele retrata o período pré-Hitler, na Alemanha.
Inflação, fome, desprezo pela condição humana levaram milhares de alemães a endeusarem um maluco, parte de um delírio coletivo que levou aos cidadãos a apoiarem planos de levar o país ao domínio do mundo, ao exacerbo da raça ariana e a justificação do genocídio de milhares de judeus.
Sei que uma coisa não exclui a outra. Assim como é necessário ter quem se preocupa com os direitos dos animais é preciso mais atenção com os direitos dos cidadãos. O problema é que existem cidadãos de primeira classe, cidadãos de segunda e de terceira e os não-cidadãos.
A população carcerária é em sua maioria de excluídos, assim como os dependentes de crack. São pessoas que cometeram erros, mas também a quem a sociedade nega os direitos mínimos de recuperação, de reintegração.
Gerações foram comprometidas, são os filhos de famílias desestruturadas, que vivem nas ruas. Os meninos viraram adultos e substituíram a cola de sapateiro pelo crack que, digamos assim, é a mais “democrática” e acessível das drogas.
É comum criticarem a “turma dos direitos humanos”, mais “preocupada” em defender “os direitos dos bandidos”.
Mas se não nos preocuparmos com os direitos básicos dos cidadãos,de todos eles, sejam em que condição estejam, estaremos perpetuando a desigualdade e continuaremos a tratar humanos como animais, negando-lhes qualquer chance de recuperação. Pessoas que vão reagir da forma como são tratados, com violência.
Os muros altos que construímos já não nos protegem.
O avanço e o progresso econômico com justiça social é o caminho que consolidou as nações desenvolvidas. Elas conseguiram equacionar a questão da desigualdade ao evoluírem como sociedade. Superaram as dificuldades ao garantirem direitos básicos, como moradia, educação e saúde. Asseguraram o predomínio da lei, do direito público sobre o privado.
Quero dizer que é possível superarmos essa condição. Mas primeiro é necessário derrubar barreiras, demolir os muros que nos separam.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Van Halen - Tattoo


Olha quem está de volta ao Van Halen

Das esquinas por onde andei - série Flórida, EUA

De passeio entre Orlando e Miami, pensei em convidá-lo(a) para um Encontro nas Esquinas. Você já imaginou quantas esquinas atravessa diariamente para chegar ao trabalho? Ou à casa de amigos, à escola? Afinal, quantas esquinas o mundo tem? Infinitas. Mande-me uma foto das esquinas que você cruzou para que eu possa registrar em meu blog.

San Francisco