De um pouco, o todo
Um pouco de política, um pouco de humanidades, um pouco de tudo, generalidades, na busca do todo.
domingo, 24 de maio de 2020
quinta-feira, 21 de maio de 2020
'Governo militar democrático'? Imagina se fosse hoje!
Em uma reportagem de TV sobre uma manifestação recente próxima do Palácio do Planalto, vi uma faixa com o seguinte enunciado “Por um governo militar democrático” e a associei a um episódio do livro “Ex-presos políticos: memórias e conquistas”, publicado em 2014 pela Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado, na gestão da secretária Eloisa Arruda. Na época, era coordenador de Comunicação da pasta e o livro cujo tema é a Comissão de ex-presos políticos aborda um episódio do governo militar (1964-1985). O pais vivia sob rígida censura à imprensa e o regime militar tentou esconder da população uma epidemia de meningite ocorrida entre os anos de 1972 e 1974, que registrava em média 1,15 mortes por dia (bem menos do que os atuais números da atual pandemia). Dois jornalistas chegaram a ser presos e levados ao DOI-CODI para serem torturados, por terem divulgado reportagens sobre a epidemia e suas detenções foram denunciadas pelos jornais Jornal da Tarde (que deixou de ser publicado anos mais tarde) e o Estado de São Paulo. Por falta de conhecimento público e de providências por parte do governo federal e, em especial, do governador biônico (indicado pelo regime militar) de São Paulo Laudo Natel (que morreu na semana passada aos 99 anos), não foram tomadas as necessárias providências para conter a ameaça. Natel proibiu que a notícia fosse divulgada à imprensa. Como consequência, o pico da epidemia no Estado atingiu 18 mil pessoas e provocou a morte de 200, conforme o livro “A ditadura encurralada”, de Elio Gaspari, citado na obra que me refiro acima. Se o atual governo federal na democracia – insistindo em minimizar a pandemia - causa os estragos que todos sabem, imagino quais seriam as proporções da atual pandemia em um “governo militar democrático (sic)”, como preconizado pela faixa do último domingo. Na foto, o general presidente Emílio Medici e o ex-governador Laudo Natel.
Um país sem rumo, 5 milhões de favelas e uma pandemia
Já de algum tempo venho pensando o quanto somos efêmeros e como a vida é breve. Eu sei que qualquer um está sujeito a morrer de repente: crianças, jovens, adultos e velhos, em algum tipo de acidente ou por doença furtiva. Perdi um sobrinho aos 22 anos e meu irmão quando ele tinha 51 anos, vítimas do câncer. Meu pai e mãe morreram octogenários. Alguns conhecidos e amigos meus de juventude já se foram, assim como vários dos ídolos de minha geração, na música, literatura e política. Gente importante da nossa cultura morreu, por coincidência ou não, nesse período de pandemia, tal como dois grandes compositores populares e alguns jornalistas que fizeram história na imprensa, para citar alguns desses talentos, que são raros. Estamos há dois meses vivendo de casa a pior crise mundial após a segunda grande guerra e talvez a mais significativa e divisora de águas do presente Século. Muitos estão obedecendo as recomendações médicas e de organizações de saúde mundiais, evitando sair de suas casas, outros se arriscam em atividades essenciais, como médicos e enfermeiros, trabalhadores da limpeza pública nas ruas e hospitais, carteiros, funcionários do comércio que ainda está autorizados a funcionar como os supermercados, operários de fábricas, energia elétrica e outros que estão se revelando heróis de nossos dias. Há também os que precisam defender o pão de cada dia porque a ajuda do governo é insuficiente ou não chega as suas mãos, vendedores autônomos, catadores de reciclados, pessoas em situação de rua, os prejudicados pela realidade social e pela grande disparidade de renda, que vivem em condições insalubres em favelas e comunidades. Nunca a desigualdade social ficou tão aparente aos olhos dos cidadãos como agora. Há a população de grupos de risco como as pessoas idosas ou que tem conformidades como os cardíacos e obesos, que precisam ficar em casa, em isolamento social e há outros que não enxergam a gravidade da situação ou se mostram insensíveis às mazelas da humanidade e que já fecharam os olhos e se mostram indiferentes às desigualdades e dificuldades de uma parcela expressiva da população. Estes se deixam envolver por moinhos de vento, por medos e ódios injustificáveis, pela ameaça comunista, vociferam contra a corrupção, apesar de viver tão perto dela, e desafiam as recomendações médicas porque querem ou não se importam com as outras pessoas. Por ignorância ou arrogância, esses são cúmplices das situações que contribuem para o colapso dos hospitais, para as centenas de covas abertas nos cemitérios. Talvez, quem sabe, se a tragédia os tocasse de perto pensariam diferente. Quantos filhos perderam os pais, mães, os filhos, ou sequer os conheceram quando nasceram porque contraíram a Covid-19 quando grávidas, famílias inteiras contaminadas que morreram juntas, pessoas de todas as idades e situações. Pessoas que sobrevivem em péssimas condições de vida, desse país que possui 5 milhões de favelas e outras tantas que moram em habitações insalubres, sem água e esgoto. Oficialmente mais de 17 mil pessoas morreram e centenas de outras morrerão no Brasil, possivelmente sem sequer conseguir uma vaga nas UTIs. E ainda não atingimos o ápice da pandemia, logo ultrapassaremos os Estados Unidos em número de contagiados pelo coronavirus. Esse é um recorde que se continuarmos assim se deve ao pior e mais insensível governante que tivemos. Até ontem, mais de 270 mil infectados no Brasil e mais de mil mortes ao dia. No Mundo são cerca de 1 milhão de contaminados. A economia mundial está em recessão e não se sabe até onde vai a crise. Antes é preciso vencer a pandemia, mas após ela, dias difíceis também vamos ter de ultrapassar. Vocês sabem quem, não ajuda. Passei por diversas fases em minha vida, fui uma criança com uma boa infância, um adolescente cheio de vida, um jovem que curtiu coisas boas, uma pessoa idealista que pensou em construir uma sociedade nova, um adulto que trabalhou para dar boas condições para os meus filhos, bem casado, com uma mulher que é minha parceira. Paguei impostos e dei uma pequena contribuição à sociedade com o meu trabalho e meu consumo para mover a roda da economia. Já fiz coisas ruins e estúpidas também, sou um ser humano imperfeito como todos nós. Estou preocupado e sei que não estou só. Não por medo da morte, não quero morrer, mas se for o caso não vou me importar de partir, mesmo que tenha que abreviar o meu tempo em dez ou quinze anos. Mas tenho receio de adoecer e contaminar a minha família. Meu sono é intranquilo, assim como de muitos brasileiros. Esse texto não é para propor nenhuma solução, é apenas um desabafo. Espero que todos possamos viver dias melhores.
Brasil, o país de mais de 5 milhões de favelas https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/05/em-meio-a-pandemia-brasil-tem-51-milhoes-de-domicilios-em-favelas.shtml?origin=uol
#Pandemia #Política #Debate #Opinião
sexta-feira, 16 de agosto de 2019
Crônica do metrô 1: O aperto
Algum problema aconteceu na linha 1. A estação está entupida de gente e as pessoas não conseguem entrar no trem; … duas, três, quatro composições passam lotadas. Ninguém sai, ninguém entra. “Meu Deus, vou chegar atrasado, não sei se conseguirei chegar a tempo na segunda aula”, diz a estudante a espera de condução. “Pego o metrô todos os dias e nunca é assim. Mas quando ela vem comigo - aponta para a amiga - acontece isso”, diz. São três amigas na estação.
Normalmente, a cada quatro composições, uma está vazia. Mas hoje não era o caso. As composições chegam sempre lotadas. “Quando uma composição vem vazia todo mundo diz uh!, se espanta, mas eles são obrigados a fazer, se não ninguém entra”, afirma a terceira amiga.
E, de fato, para desafogar um pouco a estação, o sistema operacional manda de vez em quando uma composição vazia, principalmente no horário de pico das 17h às 19h. Finalmente. ela chega, mas a quantidade de pessoas esperando é tanta que, no empurra-empurra, metade delas ficam de fora.
Um homem que saiu do trabalho há pouco, espera. Passam-se mais 25 minutos e ele ainda aguarda a sua vez. O serviço de som pede: - as pessoas que não puderem embarcar, esperem o próximo trem. “Eles dão esses avisos o tempo todo, mas não dizem o que está acontecendo”, se manifesta.
O homem veste jaqueta preta, tem aproximadamente 1,60 m, pele escura, uns 50 anos de idade, mas pode ter 40. Apesar da aparência rude de trabalhador - do tipo que se levanta às 4h da manhã e que trabalha mais de 12 horas por dia - é gentil, puxa conversa com todos e se não lhe respondem, conversa em voz alta consigo mesmo.
Mais de uma hora se passa sem que as pessoas que perderam a oportunidade de entrar na composição vazia pudessem sequer pensar em entrar nas sucessivas composições que se sucedem, sempre lotadas.
Uma delas está parada na estação já há alguns minutos, com as portas abertas, sem que alguém possa entrar de tão abarrotada. Há algum problema na linha. O condutor coloca a cabeça para fora da janela do vagão da frente, quando um passageiro lhe pergunta se não é possível mandar outra composição vazia para aliviar um pouco o número de pessoas na estação.
Até aqui, o povo teve paciência. Alguns reclamam, mas a maioria se mostra resignada, anseia em ir para a casa, como o homem que saiu mais cedo do trabalho e esperava chegar com calma em casa para passar mais tempo com a mulher e os filhos. Finalmente, ele consegue entrar no trem. As pessoas se empurram para entrar, há crianças de colo, idosos, gestantes que podem se machucar na refrega. Dentro do trem está o maior aperto, entraram mais pessoas do que a capacidade de lotação do engenho. As portas são impedidas de fechar pela multidão que anseia embarcar. Há funcionários do metrô dentro e fora do trem. Eles pedem que as pessoas deixem as portas fecharem. Um homem reclama com o funcionário. “Você acha que nós estamos fazendo de propósito?”, se queixa. “Se não é possível entrar, esperem o próximo trem”, responde o funcionário. “Mas eu estou pagando e quero ir para casa, já esperei demais” retruca o homem. O funcionário prefere não alimentar a discussão. Duas até três tentativas depois, as portas se fecham anunciando que o trem está perto de avançar. A máquina se move. O trabalhador pergunta o porquê do excesso de pessoas, qual o motivo do aperto? O funcionário não responde e o trabalhador acaba por desembarcar na estação seguinte, sem descobrir o motivo.
Não importa: ele desce aliviado e se dirige para outra plataforma para seguir a sua longa viagem. Ainda precisa pegar mais um ônibus, desembarcar e andar quinze minutos do ponto até a sua casa. Sua rotina diária é de 10 a 12 horas de trabalho e mais cinco no transporte público.
quarta-feira, 6 de julho de 2016
A história de Robson Mendonça
De morador de rua a empreendedor de projetos sociais
São 16 horas de uma tarde fria, estou em uma galeria do
centro antigo de São Paulo, próxima do Largo São Francisco, onde fica a
Faculdade de Direito da USP. Marquei uma entrevista para esse horário, mas o
entrevistado não está no local. Ligo para o seu celular e ele me pede que
espere mais um pouco. Nesse meio tempo, chegam três jovens, entre 18 e 20 anos,
que me convidam para entrar.
Entro em uma loja, misto de escritório e habitação, onde há
um órgão eletrônico e uma bateria. Os instrumentos musicais, fico sabendo
depois, fazem parte de um projeto.
Há ainda outro rapaz e uma moça no local e uma cadela que,
curiosa, me examina pelo olfato. Chega depois um casal empurrando um carrinho
de bebê. No seu interior uma bebezinha de poucos meses. A mãe é uma adolescente.
Pouco tempo depois chega Robson César Correia de Mendonça,
gaúcho de Alegrete, 66 anos. Entra esbaforido, quase sem fôlego e me pede
desculpas pelo atraso. Robson foi durante oito anos morador de rua e
fundou o “Movimento Estadual da
População em Situação de Rua de São Paulo”, fruto de sua própria experiência
pessoal.
Robson inicia nossa conversa recitando um poema que faz
parte de um livro de poesias que lançou. Arremata com um repente que compõe na
hora. O drama de Robson começa quando ele chega em São Paulo, em 1988, quando
diz ter sido sequestrado. Os bandidos,
segundo ele, ficaram com todas as suas economias e documentos. Tinha o equivalente
a R$ 200 mil e sua intenção era investir o dinheiro aqui e trazer a mulher e os
filhos. Os sequestradores também o obrigaram a sacar mais algumas economias que
mantinham em banco.
Sem direitos e documentos, tenta fazer contato com os
familiares e recebe outro choque: mulher e filhos morreram vítimas de um
acidente na estrada quando se dirigiam a São Paulo. Robson, que era
agropecuarista no Rio Grande do Sul, passou a ser morador de rua e se entregou
às drogas. Consumiu álcool, maconha e cocaína, só não usou o crack.
Antes de iniciar a entrevista, conversamos sobre a sua
infância e adolescência no campo. Aos dez anos, ajudava o pai na lavoura e a
cuidar dos animais na propriedade da família. Ao se tornar adolescente passou a
trabalhar nas fazendas vizinhas. Seu pai achava que para dar valor aos negócios,
os filhos deveriam antes aprender o ofício trabalhando como empregados em
outras fazendas. Assim, Robson se empregou nas redondezas e exercia diversas
atividades. Plantava arroz, soja e milho, cuidava dos animais e também foi
domador de cavalos. De início, não recebia dinheiro e ganhava um animal em
troca de dois que amansava, depois, com a pressão dos sindicatos, passou a ser
remunerado.
Após a morte do pai, vendeu a fazenda que havia herdado e
decidiu com a mulher que se mudariam para São Paulo, para proporcionar aos
filhos boas escolas e a oportunidade de cursarem uma faculdade. O sonho acabou
com a morte dos familiares. Procurou abrigo em albergues, passou noites ao
relento. Foi um golpe muito forte, diz ele, de um sujeito, que tinha
propriedade e dinheiro, passar a ser morador de rua.
Quando foi solto pelos sequestradores, Robson percorreu
algumas delegacias para registrar a ocorrência e a Polícia indicou a ele o
Ministério Público. Sem ter onde ficar, o MP o encaminhou a um albergue no
bairro de Santo Amaro. Mas ele não se adaptou à rotina do alojamento e preferiu
morar ao relento.
Uma vez, recorda, tentou entrar na Câmara Municipal para
telefonar aos parentes e foi impedido devido à sua condição. Se sentiu discriminado
e humilhado. “O problema do morador de rua está todo na discriminação. Pensei: A
gente tem que fazer alguma coisa para as pessoas verem que somos seres humanos
como qualquer outro”. Foi quando chamou alguns colegas de albergues para
iniciar o movimento. Robson esclarece que não há apenas um tipo de pessoa
morando nas ruas.
Elas vão para as ruas por “n” motivos, diz, principalmente
por desavenças familiares ocasionadas por consumo de drogas, perda de emprego e
capacidade de sustentar a casa, tragédias, maus tratos etc. Há os que vivem nas
calçadas, nas marquises e viadutos; outros, considerados com pessoas em
situação de rua, moram em albergues, moradias provisórias, aluguéis sociais, favelas
e cortiços e precisaram deixar esse tipo de moradia precária; há os “trecheios”
que vivem se locomovendo de uma cidade para outra e, geralmente, vivem de
artesanato; e há ainda, os “escondidos, que saíram do sistema penitenciário e
vivem de pequenos furtos e do tráfico de drogas, por não conseguir reinserção
na sociedade.
Para cada um desses perfis, é preciso criar uma política
pública específica. Para a população em situação de rua é preciso uma política
de habitação própria, defende Robson. Há
pessoas que moram na periferia e trabalham na região central e por não terem
dinheiro para gastar em condução acabam pernoitando nos albergues.
Bicicloteca
Em 2010, o “Movimento Estadual da População em Situação de
Rua de São Paulo” foi regularizado com ajuda de alguns advogados, que
elaboraram os seus estatutos. O movimento atualmente defende os representados em diversos fóruns. Na
mesma época, Robson teve a ideia de criar uma bicicleta adaptada para servir de
biblioteca ambulante. Na sua garupa foi acoplado um baú para carregar livros de
diferentes gêneros.
Nasce a “Bicicloteca”, que permanece estacionada nas praças
e empresta livros aos moradores de rua, sem que eles se sintam obrigados a
devolvê-los. “Quando eu era morador de rua e ia a uma biblioteca, as pessoas
não queriam sentar perto de mim, eu tentava retirar um livro mas não podia
porque não tinha comprovante de endereço. Então eu imaginei criar uma
biblioteca em que o interessado não precisasse de documentos para retirar
livros. Ele pegaria e levaria o livro, sem compromisso sequer de entregá-lo”.
O primeiro veículo foi doado pelo Instituto Mobilidade
Verde, em cerimônia na Biblioteca Mario de Andrade. No mês seguinte, ele foi
furtado. Uma nova doação, dessa vez do Instituto Melhoramentos, e a bicicleta
ganhou motor elétrico movido a energia solar e wifi doado pelo Pão de Açúcar.
Desde então, o projeto recebeu mais dez veículos que foram doados
por advogados. Atualmente, ele conta com 28 unidades circulando por São
Paulo, em diversos bairros da cidade, municípios do Interior e de outros estados. A marca,
entretanto, foi apropriada, segundo Robson, pelo Instituto Mobilidade Verde,
que a registrou.
Mas quando algum interessado quer implantar o projeto em seu
município, ele procura o Robson que viabiliza o equipamento e o entrega. A
única exigência é que a unidade seja utilizada para atender o morador de rua e
que não haja a obrigatoriedade de a pessoa registrar o nome ou devolver o
exemplar.
O projeto é conhecido internacionalmente no Japão, Europa e
Estados Unidos e conta com um acervo de 78 mil livros provenientes de doação ou
reciclados, armazenados em dois espaços, nos bairros da Bela Vista e Liberdade.
Robson diz que a sua fonte de inspiração foram os livros A
Revolução dos Bichos, de George Orwel, e A Droga da Obediência, um romance de
Pedro Bandeira. Segundo o site www.bicicloteca.com.br, todos os meses são
recolhidas, pela Cooperativa dos Catadores e Catadoras do Glicério, 1 tonelada
de livros de escritórios e residências. Os que estão em pior estado são
aproveitados como sucata pela indústria, mas há os que podem ser reaproveitados
e esses são oferecidos ao projeto.
Outros projetos começaram a ser desenvolvidos a partir desse
primeiro. Robson conta que começou a receber bicicletas de doação e daí surgiu
mais um projeto, o “Pedal Social”, em 2011, que empresta bicicletas aos
moradores de rua que necessitam delas para serviços de entrega de mercadorias
para estabelecimentos comerciais.
O interessado preenche um cadastro e fica de três a seis
meses com a bicicleta, sem custos. Assim, ele tem condições de ter o seu
dinheiro, alugar um quarto e ter uma oportunidade para deixar de morar na
rua.
Já o projeto “Recomeçar Vida Nova”, desenvolvido a partir de
2012, assiste a jovens que saíram da Fundação Casa, a antiga Febem, e que estão
em regime de liberdade assistida. Robson atende a cada três meses, oito
adolescentes. Eles são encaminhados para obter documentos, retomar os estudos e
conseguir o primeiro emprego. O projeto
tem parceiros no Ministério Público Federal, Receita Pública Federal, Defensoria Pública do Estado e da União, escritórios
de advocacia, entre outros.
Adolescentes
Robson reformou a sede do Instituto, construiu um mezanino
com R$ 5 mil conseguidos por um site de crowdfunding, e abriga os jovens no
local, onde antes funcionava um armarinho e que foi cedido por um empresário
para montar a sede do movimento.
R, a adolescente, do início do texto, morou lá. Ela tem 16
anos e fala que foi para as ruas devido a más companhias de escola. Com elas, passou
a consumir maconha, o que não foi aceito pelo pai. Acabou indo parar nas ruas.
Tinha 13 anos quando isso aconteceu e foi encontrada por Wesley, um dos filhos
de criação de Robson. “Eles são assim, vão chegando e acabam me chamando de
pai”, afirma Robson.
Wesley falou para R sobre o local de acolhida dos menores e
ela passou a morar na habitação. Foram quatro anos, afirma. Hoje, a adolescente
mora com Wesley em uma casa que ele herdou do pai biológico, junto com a
filhinha recém nascida. Ela fez curso de panificação e Wesley conseguiu recentemente
um emprego. “Se não fosse pelo senhor Robson, não sei o que seria de mim. Já
dei muito trabalho para ele”, conta R.
Músicos
Os aparelhos musicais que estão na sede do movimento são
utilizados por moradores de rua em eventos do projeto “Resgatando Vidas em
função da Música”, em parceria com a subprefeitura da Sé. Eles têm bandas de
diferentes estilos musicais e se apresentam em promoções culturais da
municipalidade. Uma vez por ano, o movimento promove ainda o projeto “Cultura e
Cidadania para a População de Rua na Cidade de São Paulo”. O evento consiste em
um dia inteiro de ações sociais, como
emissão de documentos, serviços de corte de cabelo, serviços de beleza,
acompanhados de apresentações musicais. São atendidas, nessas ocasiões, de sete
a oito mil pessoas, segundo informações de Robson.
“Sou casado com a morte, ela pediu divórcio e, enquanto não
pede pensão alimentícia, estou no lucro”, afirma Robson que está em tratamento
contra o câncer e outras doenças. Ele diz que o principal responsável pela atual
situação dos moradores de rua é o governo que não tem política pública definida
e baseia suas ações no assistencialismo. Quem se aproveita da situação são
algumas organizações não governamentais que, apesar de receberem muito
dinheiro, gerenciam mal os albergues, no que qualifica como a “indústria da
miséria”.
O assistencialismo também influencia o morador de rua, na
concepção de Robson. Quando consegue alugar um local para morar, ele se vê
obrigado a assumir uma série de responsabilidades, como arrumar dinheiro para o
aluguel ou conseguir comprar alimentos. “Ele pensa que quando vivia em
albergues, não precisava pagar aluguel, e o alimento ele tinha como arrumar.
Quando eu consegui sair da rua e passei a catar papelão para arrumar dinheiro,
vi que podia viver diferente. Então eu passei a dizer aos outros moradores de
rua que, se eu pude sair, ele também podia”, conta Robson. Ele recorda um dia
em que uma mulher lhe perguntou o que ele
precisava para sair da rua. Ele respondeu
que se tivesse dinheiro alugaria uma habitação e nunca mais voltaria. Ela lhe
deu R$ 250 e ele conseguiu um local para morar seus dois filhos de criação. Foi
o que mudou a vida de Robson, segundo ele.
Hoje, Robson reside com os adolescentes na sede do movimento. Lá estabeleceu uma série de
regras para os hóspedes, tais como evitar desperdícios, fixar horários para
refeições, entrada e saída do
estabelecimento e antecipar o aviso para recebimento de visitas. Quem não
cumprir o regulamento está fora.
Robson diz que resolveu deixar o local onde morava e se
transferir para a sede, porque, com o que economizasse, poderia empregar em
suas políticas sociais para a população em situação de rua. Faço tudo o que o
governo não faz, afirma. Providencio fotos para documentos, encaminho para
cursos profissionalizantes, para empregos
e busco recursos para as pessoas pagarem uma pensão para morar.
O que é que falta para o morador de rua, pergunto. Nada, diz
ele. Nós temos a Lei 12.316, o Decreto 40.232 (municipais), que fala tudo sobre
o morador de rua, e o Decreto Federal 7026, só que governo nenhum cumpre a
legislação. O Ministério Público já me processou várias vezes porque eu o
acusei de omisso em cumprir o seu papel de fiscalizar o cumprimento da lei”,
afirma Robson.
terça-feira, 5 de julho de 2016
Hélio Bicudo, 94 anos depois
Hélio Bicudo faz 94 anos hoje. Sem demonstrar a idade que
tem e com muita disposição está na linha de frente do processo que visa o
afastamento da presidente Dilma Roussef. Em 2005, onze anos atrás, ao deixar o
PT, após longos anos de militância no partido, ele avisou: “O PT nasceu como um
partido socialista, criado para atender às necessidades populares. Ao longo dos
anos, passou a ser o partido de algumas pessoas que buscam o poder”.
Mas para aqueles que nunca se deixaram se encantar
totalmente pelo canto da sereia, o PT desde o seu início tinha os seus vícios
de origem. Nasceu de um artificial pluripartidarismo, estratégia do regime
militar para dividir a oposição, que se mostrava forte e aglutinada em um único
partido de oposição.
O partido tinha uma áurea de sonhos, se mostrava como o novo
e para ser construído precisava de um certo encantamento e de um verniz de
esquerda. Com o passar dos anos, muitos dos que se deixaram iludir, despertaram
do sonho.
Mas muitos ainda não acordaram depois de passada a névoa
entorpecente. Ainda acreditam que o símbolo do atraso representa a esquerda. Um
partido que afundou na corrupção, como percebeu Hélio Bicudo, para quem o PT,
hoje, se resume ao Lula e a alguns outros que o utilizam para os seus projetos
pessoais. É um partido autoritário, afirma o jurista, citando o seu presidente Rui Falcão, como exemplo.
A corrupção, com a qual muitos dos dirigentes se
locupletaram uns sob pretexto de desenvolver um projeto de poder permanente
outros em benefício próprio, para Hélio Bicudo está nas grandes fortunas e na
maneira como elas foram construídas. Como dizia Heráclito, “nada é permanente,
apenas a mudança. Lula, segundo o jurista vivia em uma casa de 40 m2. Se tornou
rico, assim como seus filhos.
Hélio Bicudo, afastado e crítico da atual estrutura
partidária, afirma que o afastamento de Dilma se deve à luta do povo e não pela
interferência dos partidos políticos.
Mudar não é demérito
O povo brasileiro foi às ruas para repudiar a cleptocracia
comandada pelo PT, afirma o jurista, que inicia sua trajetória política com
alguma atuação política dos tempos de estudante de Direito.
Terminado o curso, ingressa por concurso no Ministério
Público. Por influência de amigos, se aproxima da UDN como simpatizante da
sigla de viés histórico conservador, mas que na época, segundo Bicudo,
representava a volta da democracia após a ditadura Vargas.
Partido mesmo, só se filiou ao PT e nele permaneceu durante
25 anos, até setembro de 2006, quando decidiu sair, mesma época da desfiliação de Plínio de Arruda
Sampaio (1930-2014), que também havia ingressado com ele na mesma cerimônia de
filiação à sigla.
Ao contrário do que se afirma, Bicudo não é um dos
fundadores do partido e a ele se filia somente depois de sua fundação. O
mensalão é a gota d’água para a sua saída.
Esse é o segundo pedido de impeachment feito pelo jurista e
se o desfecho for a perda definitiva do mandato de Dilma ela será a segunda
presidente da República afastada com a contribuição de Hélio Bicudo. É dele e
de Lula, o primeiro pedido de impeachment de Fernando Collor, que, ele considera
o estopim para a deposição do ex-presidente.
Bicudo também havia ingressado com uma ação na Justiça
Eleitoral contra Collor por fraude nas eleições. O Supremo Tribunal Federal (STF),
na época, segurou a ação até depois da posse de Collor como presidente e
sentenciou que ele não podia ser julgado por um ato cometido anteriormente ao
exercício do mandato presidencial. É o mesmo artifício que o PT utiliza como
defesa de Dilma.
Como promotor, no Ministério Público, participara, em 1956,
do processo de condenação por improbidade administrativa do ex-governador Adhemar
de Barros, que não chegou a ser preso pois fugiu e depois foi liberado por um
habeas corpus concedido pelo STF.
Fez parte do governo Carvalho Pinto e o acompanhou quando
ele foi nomeado ministro da Fazenda, pelo ex-presidente João Goulart, depois do
episódio da renúncia de Jânio Quadros (1961) e da crise que se sucedeu a ela.
Carvalho Pinto o convida para ser o seu chefe de Gabinete e Bicudo chega a
ocupar a pasta por um breve período de ausência do titular.
Carvalho Pinto deixou o ministério aproximadamente um ano
antes do golpe de 1964, que Bicudo avalia como premeditado e patrocinado pelos
Estados Unidos, via o então embaixador Lincoln Gordon.
Após o golpe, voltou para o Ministério Público e, nele,
atuou contra o esquadrão da morte, no final dos anos 60. O chamado esquadrão da
morte, a princípio executava bandidos, mas a partir de 1970 se voltou também para a repressão política.
Ele conseguiu por um breve período a prisão do temido
Delegado Fleury, que liderava o esquadrão e já era um contumaz torturador,
prática que já utilizava na polícia.
O delegado foi solto por habeas corpus devido a um casuísmo,
a promulgação da Lei Fleury, chamada assim porque garantiu a soltura do líder
do esquadrão. Bicudo havia sido designado pelo procurador-geral para investigar
o esquadrão e conseguiu as provas que resultaram na dissolução do aparato.
Esteve à frente das investigações durante um ano, período em
que sofreu muitas pressões e recebeu ameaças de morte extensivas à sua família.
Quando estava prestes a chegar aos mentores intelectuais foi afastado das
investigações.
De suas experiências surgiu o livro Meu Depoimento sobre o
Esquadrão da Morte (1976). O livro,
segundo Bicudo, protegeu a sua vida, pois sem a sua publicação teria o mesmo
destino de outros que denunciaram os desmandos do regime.
O próprio delegado Fleury, segundo Bicudo, foi assassinado
como queima de arquivo pois bebia e falava demais. Por traz do aparato
repressivo, que incluía a chamada Operação Bandeirantes, estava o ex-governador Abreu Sodré e o seu secretário
de Segurança Hely Lopes Meirelles, além de um grupo de empresários de São
Paulo, que Bicudo diz não saber quem eram.
No PT
Em 1982, já no PT, foi candidato a vice na eleição para o
Governo do Estado disputada por Lula e vencida por Franco Montoro (PMDB). Se
candidatou ao Senado, em seguida, e ficou em terceiro lugar, atrás de Mario Covas
e Fernando Henrique Cardoso.
Foi secretário de Negócios Jurídicos da prefeita de São
Paulo Luiza Erundina (1988), durante um ano e meio, quando saiu para disputar a
eleição para deputado federal. Ocupou o cargo por duas vezes. Não quis disputar
o terceiro mandato, pois considerava dois já o suficiente.
Em sua carreira política, ainda consta o cargo de vice-prefeito
de São Paulo, na gestão de Marta Suplicy (2000-2004). Diz que aceitou fazer parte da
chapa para derrotar a candidatura de Paulo Maluf, mas não foi convidado a
participar da campanha pela sua reeleição. A cúpula do partido resolveu colocar
Rui Falcão como vice. Marta Supliciy não conseguiu a reeleição.
Foi ainda presidente
da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, em 2000, e diz que no
governo de Fernando Henrique Cardoso o Brasil avançou muito nessa área. Lula,
segundo ele, não acrescentou nada na luta pelos direitos humanos.
Para Bicudo, a democracia brasileira ainda está em uma fase
bastante embrionária, um processo que ainda precisa ser construído a partir de
correções de rumo.
O caminho é complicado. Direita e esquerda são termos que hoje
não são suficientes para definir uma pessoa, embora Bicudo se considere de
esquerda. Para ele, que atualmente é extremamente crítico em relação ao PT,
esse partido contaminou as instituições, incluindo o Judiciário, em todas as
suas instâncias.
Prega hoje uma reforma geral das instituições, incluindo o
Judiciário, desde as suas primeiras instâncias ao Superior Tribunal de Justiça
(STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF). Afirma que as duas principais cortes
do País não serão isentas enquanto os seus titulares forem indicados pelo
presidente da República.
Para Bicudo, o impeachment tem caráter educativo e vai
influenciar as próximas eleições. A saída de Dilma não irá provocar nenhuma
espécie de trauma, segundo seu entendimento.
Certas opiniões de
Bicudo beiram a amargura e ao desencantamento, principalmente em relação à
Lula, que antes chegou a lhe fascinar. Hoje, ele sabe que o líder do PT só quer
o poder para benefício próprio.
Hélio Bicudo é um homem vaidoso que está aproveitando a
oportunidade para se voltar aos holofotes, afirma o filho, o biólogo José
Eduardo Pereira Wilken Bicudo, o quinto de seus sete filhos, dos quais apenas
dois estão com o pai.
As críticas começaram a ser feitas após Bicudo aceitar
participar da iniciativa de impeachment de Dilma. Mas o clima já se deteriora
desde a sua desfiliação ao PT.
Bicudo começou a denunciar o partido por utilizar-se do Bolsa
Família como instrumento para a reeleição de Lula. José Dirceu, de que se dizia
próximo, foi o primeiro a lhe falar sobre a utilidade eleitoral do programa,
que beneficiava 12 milhões de pessoas, mas que rendia ao partido 36 milhões de
votos.
Bicudo defende o fortalecimento de uma estrutura que permita
mais empregos e sustentabilidade para que a população. O seu desapontamento com
Lula surge quando começa a presenciar que o presidente de honra do PT “esconde a sujeira por debaixo do tapete”. Foi
quando participou de uma comissão interna do partido para apurar as denúncias
de Paulo de Tarso Venceslau. Segundo o denunciante, o compadre de Lula, Roberto
Teixeira, vinha utilizando o nome de Lula para as suas negociatas. A comissão é
dissolvida e o denunciante expulso do partido.
Bicudo começa a refletir sobre os amigos de Lula, desde
Roberto Teixeira, que cede sua casa para o ex-presidente morar, a Paulo Okamoto,
que justifica dinheiro ilícito como um empréstimo a Lula, sem que este se sinta
obrigado a devolver. Lula passa a ser comparado por Bicudo a Adhemar de Barros,
a quem havia processado no passado, e ao também ex-governador e atual deputado
federal Paulo Maluf, que notabilizaram o rouba, mas faz.
Hélio Bicudo mudou de opinião, o que não é nenhum demérito. Vale
a frase de Mahatma Ghandi: “temos de nos tornar na mudança que queremos ver”.
quarta-feira, 29 de junho de 2016
O profeta da reforma agrária
O
nome dele é Israel Magalhães, figura conhecida na Praça da Sé, onde está
praticamente todos os dias. Ele se define como profeta e pastor, mas não prega
a redenção das almas e, sim, a reforma agrária, como solução para os pobres e
para quem passa fome.
Próximo
da Catedral, ele estende faixas com dizeres pouco inteligíveis. É de propósito
porque as palavras têm significados que não são propriamente como as
conhecemos, explica Israel.
Os
abades, por exemplo, segundo ele, é uma etnia que existia em Pernambuco e parte
do Piauí, que pertencia ao primeiro estado. Então, algumas palavras tem sua
origem em um dialeto que ele afirma conhecer.
"Muié",
mistura os idiomas latino e português, assim como "ven cun nois" e
"bolcheviqeus", que não tem no Brasil, porque, se houvesse, haveria
uma guerra e ele não defende matanças.
Mas,
intelectualmente, o termo significa não dizer mentiras. "São os que lutam
de verdade contra os escravizadores, afirma. Já os "czar", são os
czares, mesmo, da Rússia, que escravizaram o povo.
Israel
também apresenta objetos como uma cartaz que ele pegou na rua, sobre um líder
religioso árabe dissidente de um igreja e um clipe de reportagens para ilustrar
o seu recado.
Ele
mostra para mim um jornal, datado de junho de 2015, que anuncia a autorização
dos senadores para criação de mais de 200 novos municípios, para ilustrar a sua
posição em relação à autonomia dos municípios.
O
Vale do Ribeira, São Paulo, segundo ele, tem quase o tamanho de Sergipe e as
terras poderiam ser partilhadas com as pessoas. Ele logo avisa: "Não
adianta que não vai ter emprego pra todo mundo em São Paulo. Esse povo tem que
ir para o Mato Grosso para conseguir terras lá", afirma.
Israel
diz também que tem terra para abrigar 500 mil pessoas no Vale do Ribeira e no
Vale do Itararé. "Somos a Congregação do Deuteronômio (para quem não sabe,
o Deuteronômio é o quinto livro da Bíblia e faz parte do Pentateuco)",
afirma Israel, e emenda: "O pobre precisa primeiro assumir a capacidade de
um rato para poder sobreviver às suas próprias custas".
Por
que o rato? Por que o rato é capaz de subir num fio e o pobre nunca subiu para
lugar nenhum, ele atravessa uma distância de uns cinco metros se equilibrando
no fio e não cai, e o pobre, não, porque caído, ele já é, explica Israel.
Sua
igreja, define, é a dos "excluídos dos excluídos", pois é composta de
pessoas que desacreditaram das promessas de outras igrejas. Para Israel é
preciso desmascarar os falsos líderes religiosos. Eles devem dizer onde está o
dízimo, para que se utilize o dinheiro para alojar o povo na terra, pois a
distribuição da terra é defendida em vários trechos da Bíblia.
Na
sua opinião, o governo, se quiser, pode dar terra para as pessoas. "Mato
Grosso do Sul, por exemplo, pode ser ocupado por estrangeiros, se não for
ocupado antes", alerta Israel, para quem São Paulo e o Nordeste já estão
saturados. O caminho é o Norte, onde "tem terra pra todo mundo".
De
acordo com ele, a tendência em São Paulo é do aprofundamento da miséria, como
mais desemprego. A saída é se juntar pela reforma agrária.
O
próprio Jacó imigrou para o Egito quando a fome apertou, afirma Israel fazendo
um paralelo com a chegada dos nordestinos à São Paulo. "Não é vergonha
fazer a defesa da reforma agrária e se declarar um bolcheviqeus".
O
mesmo fez Stalin, segundo ele, quando o povo quis ir para Moscou e o líder
soviético disse: "Voltem, vão para o interior, aqui não há mais
espaço".
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