terça-feira, 10 de abril de 2012

O cidadão quer saber 2: Como vão as nossas escolas?


Na segunda-feira desta semana uma reportagem de TV me deixou mais depressivo do que costumo estar nas segundas-feiras.
O tema era a situação de nossas escolas e retratava duas delas, uma municipal e outra estadual, no Pará, não me lembro em que município.
Quem teve a oportunidade de assistir viu cenas deploráveis de abandono, janelas sem vidro deixavam a água das chuvas, tão comuns na região Norte, entrarem nas salas, algumas delas impossíveis de serem utilizadas e outras funcionando na mais evidente precariedade. O pátio todo alagado obrigava os alunos a permanecerem na sala durante todo o recreio.
De positivo, o esforço dos professores em prosseguir dando aulas a despeito de todas as dificuldades.
Em contrapartida, outra reportagem da mesma emissora de TV, na terça-feira, tinha como tema o exemplo de uma aluna, filha de um cobrador de ônibus e de uma vendedora de flores que havia sido aprovada em quatro universidades dos Estados Unidos, uma delas Harvard.
A moça já cursa Física, na Universidade de São Paulo, e é professora voluntária em escolas públicas, onde cursou o nível fundamental. Um caso de esforço pessoal, incentivo dos pais e professores, mas que também é excepcional, quer pela inteligência acima da média quanto por um conjunto de oportunidades que a ela foram oferecidas em razão de sua capacidade.
O normal, se sabe, é que um aluno de baixo poder aquisitivo de escola pública tem muito mais dificuldades dos que os de escolas privadas de cursar por completo o ensino até o nível médio, que fará um curso universitário, embora todo mundo conheça casos que fogem a regra.
Lembro-me de um colega de infância de família humilde cujos pais eram trabalhadores domésticos que foi aprovado no conceituado ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica). A mãe fora abandonada pelo marido e as dificuldades não o impediram de progredir.
Isso foi há muito tempo e, naquele tempo, segundo os mais velhos como eu, as escolas públicas eram de outro nível.
E de fato, eram.
Eu, por exemplo, fiz o ensino básico quase que totalmente em escolas particulares, administrada por padres carmelitas. Com exceção de dois anos de escola pública. Pessoalmente, constatei que o ensino na escola pública era mais puxado.
Voltando a minha depressão, é difícil presenciar a situação atual do ensino no país, sem ficar nesse estado emocional. O Brasil sempre foi considerado uma país do futuro, mas que futuro pode ter um País com o ensino sucateado como é o nosso.
A crise atual de falta de profissionais especializados é reflexo da pobreza de nosso ensino e também de ausência de um projeto educacional de visão estratégica.
É triste saber, por exemplo, a quantidade de dinheiro desviada da educação e da saúde, principalmente, pela corrupção e também pela má gestão dos recursos publicos.
Nesse particular, tenho a certeza, como muitos hão de concordar, que os casos de corrupção deveriam ser punidos como mais severidade, tanto quanto os crimes que ameaçam a vida, porque, na verdade comprometem as futuras gerações e o próprio futuro do Brasil, enquanto Nação, que aspira vencer o atraso e o abismo social persistente.
Em tempo: quanto as escolas públicas de nível superior, algo de muito errado acontece na questão de acesso a essas universidades, decorrente também da péssima qualidade de ensino básico das escolas públicas.
É muito mais difícil para os alunos de baixo poder aquisitivo conseguirem ingressar no ensino público superior gratuito. E são estes os que mais necessitam dele. É polêmico, eu sei, mas são justamente os que têm mais recursos financeiros que usufruem da universidade pública.
É urgente pensar nesse tema, que é assunto para uma nova postagem.

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