Você como eu deve ficar maravilhado com os avanços da revolução tecnológica propiciada pela internet e redes sociais. É maravilhoso ter ferramentas como o Google que colocam zilhões de informações, opiniões, dados etc à nossa disposição. Poder se comunicar com pessoas que, com certeza, nunca teríamos oportunidade de encontrar, pessoalmente, aqui ou no outro lado do mundo, nos lugares mais remotos e nos centros mais avançados. Tudo isso representa uma verdadeira revolução, certo? Talvez algo nunca dantes alcançado pela humanidade. Será?
Um renomado economista norte-americano discorda, pelo menos em parte. Chama-se Robert J. Gordon, é autor do livro The Rise and Fall of American Growlth (Ascensão e Queda do Crescimento Econômico) e foi entrevistado pela revista Veja, que está nas bancas, em texto assinado pelo jornalista Luiz Lima.
"Quando nós, economistas, procuramos isolar o peso da inovação no crescimento econômico, recorremos a uma métrica chamada Produtividade Total dos Fatores (FTP). Minha pesquisa me levou a estudar o comportamento dessa variável na economia americana a partir de 1870. Os resultados são incontestáveis. Nas cinco décadas entre 1920 e 1970, o crescimento da produtividade devido à inovação, foi quase três vezes maior do que no período seguinte, o nosso período".
O pesquisador enumera descobertas como a luz elétrica, o motor de combustão interna, produtos químicos, plásticos, água encanada e até o ar condicionado, como muito mais importantes e significativas para o avanço da civilização do que o smartphone, por exemplo, que acrescenta algo à produtividade da economia, mas cujos ganhos "são apenas marginais se comparados à mudanças do século especial", que é como ele se refere ao período pesquisado pelo economista.
Gordon observa que na década entre 1994 e 2004 as métricas de produtividade deram um salto positivo, como resultado da revolução da internet e das comunicações aplicadas aos negócios. Mas, para ele, essa revolução digital já acabou. Há os robôs e a inteligência artificiall, assim como há as impressoras digitais, mas a percepção do economista é a de que não haverá novamente uma explosão semelhante à observada entre os anos de 1870 e 1970.
"Nada contra as redes sociais, mas, do ponto de vista econômico, há energia demais sendo gasta em aspectos relativamente efêmeros e desimportantes da vida humana", afirma o economista.
Nesse aspecto, concordo com Gordon. Qual a relevância de conteúdos como fofocas sobre celebridades, preconceitos e outras besteiras que encontramos no mundo digital? Depende da expectativa e interesse de quem os busca.