quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A bronca do padre Djacy


O padre Djacy Brasileiro se define como sertanista. Ele é da Paraíba, lutador, às vezes acusado de se autopromover com a sua briga. Mas na verdade é defensor intransigente de seu povo. Quando se trata de denunciar os efeitos maléficos da secular Indústria da Seca, é com ele mesmo. "Estamos vivendo uma situação de flagelo humanitário e ambiental na Paraíba. É um cenário devastador. A seca arrasa, devasta e mata", denuncia Djacy. Os culpados são o governo, que só oferece paliativos, e os políticos nordestinos que não tomam atitudes. Estes últimos, segundo o padre, são os maiores beneficiários. Por isso, a indústria da seca está "a pleno vapor" porque se aproxima a época das eleições. Já as obras de transposição das águas do Rio São Francisco, consideradas por ele a solução para a seca que assola a região, estão paradas. "Até que no governo do Lula elas estavam sendo tocadas, mas no governo da Dilma estão a passo de tartaruga". Djacy critica os programas de distribuição de renda. "Eu pergunto para as pessoas, quanto entra de dinheiro na casa de vocês e elas me respondem às vezes R$ 100, R$ 200 e até R$ 300. E o que dá para fazer com esse dinheiro? Elas me respondem: dá para fazer a feira para uns 20 dias". São paliativos que para o padre não resolvem o problema do povo. Outra crítica é quanto a atenção que se dá para a Copa do Mundo 2014. Mesmo deixando claro que não é contra a sua realização, Djacy afirma que está se fazendo uma inversão de valores. Para ele, a prioridade é o ser humano. Enquanto isso, de acordo com Djacy, são 12 milhões de brasileiros ameaçados pela fome e pela sede, na maioria produtores rurais da cultura da subsistência, que plantam o que come, quando podem, e não sobra nada para vender. "Até o mandacaru, que é a planta mais resistente do sertão, está morrendo", afirma Djacy, que esteve em São Paulo há poucos dias. Ele continua a sua peregrinação. Djacy é brasileiro e tão forte quanto o mandacaru.

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